quinta-feira, 31 de maio de 2007

Meus dias de Che!

Bixo é um bicho burro demais...ainda mais em Jornalismo!

Falo com conhecimento de causa: todo calouro de Comunicação Social, ao adentrar à faculdade, critica a Veja e a Globo, elogia a Caros Amigos, é revoltado, revolucionário e encrenqueiro. Tem sonhos de mudanças, de trabalhar por seus ideais, de não vender seus anseios em troca de um salário bom, com direito à VT+VR+Plano de saúde....eu mesmo não fugia muito à regra, mas não sabia muito bem porque havia escolhido tal carreira. Então, pra mim, o que viesse era lucro: estava lá para experimentar!

Por isso, logo nos primeiros meses, já frequentava festas, reuniões, eventos. Por "sorte", peguei greve e ocupação no campus. Participava de um grupo de discussão contra a ALCA (Área de Livre Comercio das Américas) e visitava a casa de dezenas de estudantes (na verdade, uma sala de aula cheia de colchões e colchonetes). Foi então que, por influência de alguns veteranos, me uni a uma chapa e concorri a uma vaga na direção do DADICA (Diretório Acadêmico Di Cavalcanti). Resultado: fui diretora de eventos por alguns meses, até perceber que ali não era a minha praia.

Hoje, ao assistir o noticiário, vi dois de meus veteranos sendo empurrados e levando spray de pimenta na cara, ao protestar contra os decretos de nosso digníssimo governador. Confesso que me lembrei de algumas cenas engraçadas que presenciei (ou participei) na faculdade. Certa vez, nós andamos por todo o campus da Unesp simulando um enterro da Universidade Pública. Rodeávamos o restaurante, rezávamos, e passamos pela Engenharia, que achava tudo aquilo muito bizarro. Outra vez, ajudei a tirar carteiras da sala, e participei de um ato que convenceu uma turma do último ano de futuros engenheiros mecânicos a abandonar a aula. Também já integrei um grupo que foi da Unesp até a Assembléia Legislativa fazer sei lá o que.

Mas voltando a falar de sonhos, como já deu para perceber, os meus mudaram e muito. Diminuiram bastante. Não tenho muito mais uma esperança, estou naquela de o que vier é lucro. Me deu vontade de estar lá (não quase sendo torturada, lógico). Mas a vontade veio e foi embora muito rapidamente.

***
Mas a questão sobre o bixo ser burro é que, no final, já formado, ele acaba aceitando qualquer emprego que vier. Hoje, eu mesma aceitaria trabalhar na Veja, na Globo, na Tititi, na Contigo, na Revista dos Caminhoneiros, até fazer encarte de missa eu tô topando.
Deve sobrar alguns poucos que persistem nos seus ideais. Acho isso muito bonito! Mas não é a maioria, creio eu. Aposto que muito daqueles que estavam lá, manifestando, daqui a alguns anos, terão outra visão de mundo.
Mas que eles aproveitem bem a fase de sonhadores, de experimentar, porque é sempre válida e muiiiito bacana.

Ps. Depois de descobrir o que é movimento estudantil, eu ainda tive tempo de participar de esportes (handebol, atletismo), estagiar, festar, e a lista continua...

2 comentários:

Diego Maia disse...

Também acho bonito. Mas tem muito engajado que parece querer, no fundo, que o resto da humanidade pense como ele. Uma coisa meio totalitária que me desagrada muito.

m. disse...

eu não sei o que pensar sobre isso tudo, infelizmente não sou engajada e politizada. como meu pai mesmo disse, sou alienada e só gosto de música.

papai elefante nas festas de rep!
toca los hermanos!