sábado, 18 de agosto de 2007

Tirando as freqüentes e peculiares bizarrices que sempre me acontecem quando pego algum tipo de transporte público coletivo, seja ônibus, metrô ou trem, ontem, particularemente, foi um dia inusitado.
A começar, é óbvio, não poderia faltar a cena da vez, ocorrida em um ônibus. Estava indo ao Ministério do Trabalho tirar meu mtb (registro profissional sei lá pra quê). No onibus, aguardava de pé para descer no próximo ponto depois do Mackenzie. Uma muvuca de jovens rumo à faculdade congestionava o corredor do ônibus. De repente, o cobrador começa a gritar loucamente, para uma senhora de preto, gritava algo que ninguém entendia. Descobri, minutos depois que a "senhora de preto" era eu. E que eu estava sendo imperceptilvelmente assaltada por um cidadão muito dos espertos. A pessoa jogou a blusa em cima da minha bolsa e começou a mexer. Eu nem percebi. Todos ao redor sim, mas o único corajoso foi o cobrador. Depois, o cara acabou fugindo (sem nada meu, glória, glória). Eis que a ameba imbecil que estava sentada bem na minha frente diz "Ah, eu até queria avisar você, mas você não me olhava"....
ANTA, custava falar que o cara tava me assaltando? Mas vocês acham que alguém se arrisca pelo outro? Ainda mais por uma desconhecida com cara de bocó como eu.

Desci, meio atordoada ainda, assustada. Já aconteceu uma vez do meu celular sumir na RPinga, em Bauru, mas eu nem soube nunca se havia perdido ou se haviam roubado meu aparelho.

Depois de tirar meu mtb, segui rumo à Praça João Mendes, onde tinha um compromisso às duas da tarde. Ainda era uma. Resolvi descer para a Praça da Sé, e sentar nos banquinhos do metrô, descansar e me arrumar. Descendo a rua paralela à igreja, começo a escutar o Hino Nacional, na voz de Agnaldo Rayol. "Mas pra que diabos eles estão tocando isso?". Descubro que era o próprio Rayol cantando, em cima de um palco em frente à escadaria da igreja da Sé. A Ivete também estava lá. Assim como outras celebridadezinhas e uma leva de classe média em seus ternos, sapatos salto fino, bochechas rosadas, óculos gigantes e adesivos e placas com o dizer: CANSEI!

Era o dia da tal manifestação dos cansados...cansados de quê, eu não sei muito bem. Nem fiquei muito lá, resolvi subir de volta e aguardar num lugar onde houvesse menos gente. Só sei que os mendigos, sim, esses estavam cansados de verem a sua linda pracinha da Sé, o seu lar, doce lar completamente tomado. Ouvi muitos deles reclamando. Um bêbado gritou "Eu quero que o Brasil se foda! Quero dormir!". Enquanto a classe média protestava contra o governos, os mendigos protestavam contra a classe média...Todos ao ritmo da Ivete.