segunda-feira, 19 de maio de 2008

PARTE 2 - A noite


A grande graça da Virada Cultural é poder olhar o centro de SP sob um prisma diferente. O cheiro de xixi é o mesmo de dias normais. Mas como fica bonito ver tanta gente em pontos históricos se divertindo. Parece que quebra um pouco o estigma de local perigoso. E com certeza foi excelente no quesito segurança, ao contrário do show dos Racionais no último ano.

O percurso feito pela madrugada não foi o pensado. É impossível ver tudo que se planeja. Então, decidimos ao menos passar em vários lugares, todos os possíveis. E sem ficar só em show, show, show, pq show de graça têm aos montes, agora teatro e ballet, nem tanto.


Das 22h de sábado às 3h30 da manhã de domingo e depois das 9h às 14h:

- Palco independente: não lembro as bandas, mas eram ruins, senão eu me lembraria;

- Techno, Psy, e todas as variações de música eletrônica. Um palco muito bom contava com a participação dos djs das casas noturnas de SP, como Inferno, Vegas, Outs, Funhouse, Sarajevo, e por aí vai...

- Teatro "O beijo no asfalto". Meio bagunçado, som meio baixo, meio bom, meio ruim. Assistimos um pedaço do anterior, com umas fitas, a mulher saiu enrolando todo mundo em barbantes, ai, odeio interação;

- Teatro Mágico: Muvuca, narizes de palhaço, gente fedidinha e cheirando vinho azedo. Depois dizem que chatos são os fãs de LH. Mesmo assim, eu gosto;

- Teatro Municipal: Márcia, Eduardo Gudin e Paulo César Pinheiro – O Importante é que a nossa emoção sobreviva (1974). O Teatro é legal por dentro, nunca tinha entrado, e confesso que peguei a fila mais para conhecê-lo do que pelo show: fui surpreendida: a apresentação foi excelente!

- Ballet Stagium: acho que teria gostado mais da Ana Botafogo!

- Roda de Capoeira 24h...paranauê, paranauê paraná

Certamente esqueci de alguma coisa....bom, dane-se. Essa não foi a melhor parte da Virada. O melhor foi um grande amigo que encontramos domingo à tarde....uhhhh, suspense, só para as pessoas voltarem e lerem meu blog. Preciso de audiência, gente!!

=)

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Parte 1 - A IDA

Ir para a Virada Cultural se tornou cômico (para não dizer trágico). Ano passado, na tentativa frustrada de tentar pegar dois ônibus, acabei não pegando nenhum, pois enquanto um subia, o outro descia. E eu entre os dois, com cara de tacho.

Neste ano, resolvi ficar em um ponto só, aguardando o veículo. Ele chegou, meia hora depois. Perguntei ao cobrador se o trajeto seria normal e se o ponto final seria o mesmo, pois tinha houvido rumores de que estava tudo alterado. O cobrador riu e falou que não sabia.

Cinco minutos depois, ele pergunta:

- Você vai descer no ponto final, né?
- Vou sim.
- Então você conhece todo o caminho, né?
- Conheço sim.
- Você pode ensinar pra gente?

Ok, eles não sabiam o caminho, era a primeira vez que faziam aquela linha. O cobrador vira pro motorista e fala:

- A moça aqui tá falando que o itinerário mudou, está diferente.
- Ih, mas se eu não sei nem o caminho certo...

Risadas. Ônibus lotado, povo todo indo à Virada. Uma senhora insiste em pedir informações para o cobrador, que responde insistentemente "não sei".

- Esse ônibus passa na rua X?
- Não sei
- Mas ele passa perto de não sei onde?
- Não sei

E entre gritos pro motorista de "Vira à esquerda", "Segue reto", "Muda de pista", "Não, não, não, pode seguir", chegamos à metade do caminho. Estamos atrasados, o povo já deve estar nos xingando.

Quando estamos passando embaixo do minhocão, o cobrador atende o celular. Minutos depois desliga, estapefato, levanta e grita

-PUTA QUE PARIU, MINHA MULHER TÁ PARINDO!

A esposa dele estava no hospital dando entrada no trabalho de parto. E ele ainda teria que ir até o ponto final, e voltar. Até lá, certamente, ele já seria pai.

Entre gritos dos passageiros de "parabéns", ele sorri, um sorriso nervoso, passa a mão na cabeça, e anda de um lado para outro no cobrador do ônibus falando sozinho, "o que eu faço, o que eu faço, PORRA".

A mulher que havia pedido informações fala que ele tem que ir embora. Como se fosse fácil, né? Depois, ela manda ele sossegar, que os partos demoram.

A gente não pára de rir, eu fiquei com um pouco de dó, ele estava muito nervoso.

Chegamos à Praça da República, onde o ônibus parou. Resolvemos descer, antes que fosse tarde e o pessoal desistisse de nos esperar.

E fiquei sem saber o que houve com o cobrador, que em dias normais, fazia a linha Rio Pequeno 775N. Quem sabe um dia eu não vá perguntar.